Mulher que cozinha ao fundo
Para assistir, basta se inscrever no site www.teatrovivoonline.com.br ou no link do perfil no Instagram @vivo.cultura a partir do dia 3 de setembro
Foto de João Caldas Fº
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O monólogo “Alice, retrato de mulher que
O espetáculo tem atuação de Nicole Cordery (indicada ao APCA 2015 Melhor Atriz por Dissacar uma Nevasca), dramaturgia de Marina Corazza (indicada ao APCA 2018 Melhor Dramaturga por Aproximando-se da Fera na Selva) e direção de Malú Bazán (indicada ao APCA 2018 Melhor Direção por Aproximando-se da Fera na Selva).
A peça estreou em 2016 na Sala Beta do Sesc Consolação, mas a parceria e pesquisa em torno desse projeto existem desde 2011. Antes de sua estreia, aconteceu a primeira abertura de processo no Ateliê Compartilhado na Casa Amarela em São Paulo, ocupação de uma antiga casa ociosa transformada em centro cultural e ateliê de diversas linguagens artísticas. Depois uma cena curta foi apresentada Mostra ObsCENAS e, em 2014, outra versão do trabalho foi encenada em Recife numa experiência de teatro domiciliar que aconteceu na casa de uma de suas integrantes. Após a estreia oficial em São Paulo, aconteceram diversas apresentações pelo Brasil, além da peça ter sido selecionada para uma turnê pelo interior da Argentina (circuito INT) e feito apresentações em Portugal.
Sinopse
O espetáculo põe em cena a companheira de Gertrude Stein, Alice B. Toklas. Autora de um famoso livro de receitas, Alice foi também personagem de uma autobiografia escrita por outra pessoa: Gertrude Stein. Os múltiplos fragmentos que compõem a vida dessa mulher singular são vividos em presente contínuo por Nicole.
Sobre o espetáculo
A dramaturgia de Marina surgiu de duas importantes referências: The Alice B. Toklas Cookbook, escrito por Alice, e A autobiografia de Alice B. Toklas, escrita por Gertrude Stein.
No primeiro, Alice, companheira de Gertrude Stein, já doente, descreve as receitas servidas no 27 Rue de Fleurus, um dos endereços mais badalados da Paris dos anos 20. Em meio às receitas, de forma absolutamente prosaica e autêntica, Alice revela fatos e anedotas de sua vida ao lado da famosa e sobre a efervescência cultural da qual faziam parte.
Já o segundo se tornou o livro mais conhecido de Gertrude. Nele, ela escreve a “autobiografia” de sua companheira. Ao assumir a voz de Alice, Gertrude conquista a popularidade literária que tanto almejava, de forma a ampliar o alcance de suas pesquisas literárias na direção de uma estética cubista na literatura. Mas e a própria Alice: quem era? Como vivia? O que dizia e como dizia?
Depois da morte de sua companheira, Alice viveu ainda mais 20 anos, nos quais se ocupou em preservar e divulgar a obra de Stein.
A peça discute as fronteiras entre realidade e ficção, entre as histórias e suas dissonantes interpretações. Nela, Alice passeia por diferentes tempos e espaços, numa espécie de mosaico. Escolher a personagem real e ao mesmo tempo fictícia de Alice B. Toklas potencializa múltiplas miradas sobre a relação de amor entre essas duas mulheres e sobre como influenciaram e foram influenciadas pela efervescente Paris dos anos 20 e 30.
Desde o início do trabalho, criar um jogo de espelhos, que embaralha a noção do eu e do outro foi um dos objetivos do projeto. A perseguição foi por uma dramaturgia que ousasse friccionar as pesquisas estéticas de Stein, as memórias de Alice, e também a posição de quem olha com certo distanciamento histórico, se reconhecendo e se estranhando com essas duas mulheres.
Para compor esse caleidoscópio, Nicole Cordery, Malú Bazán e Marina Corazza contaram com o grande apoio do dramaturgo, professor e pesquisador americano Leon Katz, falecido em janeiro de 2017. Em 1952, Katz foi premiado com uma bolsa da Fundação Ford que lhe possibilitou passar um ano com Alice, entrevistando-a a partir de anotações nunca publicadas de Stein que, na iminência da II Guerra, foram enviadas às pressas para a Yale Library, nos Estados Unidos. “Estimulado com o fato de procurarmos por materiais sobre Alice Toklas, Katz nos enviou não só seu relato sobre o ano que passou como Alice, como uma primeira versão de seu monólogo “Nurturing Alice”, nos autorizando a fazer uso desses materiais para a composição da peça”, conta a atriz Nicole Cordery.
Além das obras já citadas e do material cedido por Leon Katz, foram consultados também trechos dos livros: Paris, França, Lifting Belly, Q.E.D., Melanctha, Ada, entre outras obras de Gertrude Stein, e Staying on Alone (letters of Alice B. Toklas) e What is Remembered, ambos de Alice B. Toklas.
Assim, a dramaturgia da peça é composta pelo choque desses inúmeros materiais que se tensionam, ora simétrica, ora assimetricamente, e criam novas materialidades, que se revelam a partir de seus interstícios.
Um pouco sobre a época
Paris, 1907. Gertrude Stein cuidava da impressão de Três Vidas, do qual fez uma edição particular, e estava mergulhada em The Making of Americans, seu livro de mil páginas. Picasso tinha acabado o retrato dela de que ninguém gostava, a não ser o retratista e a retratada, e começara um estranho quadro complicado de três mulheres.
É nesse período conhecido como “idade heroica” do cubismo que a casa da escritora norte-americana, 27 Rue de Fleurus, florescia como endereço de encontro e de debate entre pintores, escritores e críticos. A cada sábado, ela os recebia com a mesa posta em uma época em que a comida era escassa. Bastava ao recém-chegado responder uma espécie de pergunta ritual: “quem te enviou”? para ter acesso à casa, suas conversas e as longas tardes que se desenrolavam no ateliê anexo.
Gertrude Stein era a figura de visibilidade do casal: sua casa era uma exposição constante dos pintores nos quais apostava. Sua literatura trazia padrões estéticos completamente novos e, ainda hoje, provocadores.
Enquanto isso, Alice Toklas era uma anfitriã impecável. Além de amante e companheira, era a grande cozinheira da casa, primeira leitora, secretária atenta, revisora, editora, crítica e organizadora geral da obra de Stein.
Nas paredes, quadros de Gauguin, Braque, Matisse, Greco, Valloton, Cézanne. Como na época a maior parte deles não valia grande coisa, a porta do ateliê se abria com uma grande chave única. Alice fazia peixes, ovos e jardins.
FICHA TÉCNICA
Alice Retrato de Mulher que Cozinha ao Fundo
Texto: Marina Corazza
Elenco: Nicole Cordery
Direção: Malú Bazán
Cenário e Figurino: Anne Cerutti
Iluminação: Nelson Ferreira
Adaptação de luz e Operação: Fernanda Guedella
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
Teatro Vivo – Transmitido via Zoom
Gratuito
5 de setembro às 20h
Para assistir, basta se inscrever no site www.teatrovivoonline.com.br ou no link do perfil no Instagram @vivo.cultura a partir do dia 3 de setembro
Duração: 55min
Classificação Indicativa: 14 anos
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