A Trama (Mar2021)
Clara Carvalho dirige texto de Consuelo de Castro sobre relações afetivas
Fernanda Couto e Kiko Vianello, casados na vida real, vivem em cena um casal prestes a se separar. Peça foi montada a primeira vez com Nicette Bruno e Paulo Goulart. A autora, falecida em 2016, deu protagonismo à visão feminina em suas peças.
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Texto da dramaturga mineira Consuelo de Castro (1946-2016), Aviso Prévio ganha nova montagem dirigida por Clara Carvalho. A trama apresenta um casal, vivido por Fernanda Couto e Kiko Vianello, que vivem na iminência da separação. Estreia dia 5 de março, no Viga Espaço Cênico. A temporada segue até 28 de março, com sessões sextas e sábados às 20h e domingo às 19h. Os ingressos gratuitos e limitados devem ser retirados com 1 hora de antecedência na bilheteria do teatro. Haverá também sessões on-line nos dias 16, 17, 18, 23, 24 e 25 de março, com ingresso a R$20 pela Sympla. O espetáculo tem produção da HBenjamim Produções através da Lei Aldir Blanc.
O texto aborda diversos temas como a relação a dois, os múltiplos papéis sociais, a condição feminina, loucura e sanidade, sonhos e finitude, a efemeridade da vida, e marcou a ruptura da autora com o teatro realista, apresentando, de forma lúdica, diversas situações e crises do casal Ela e Oz. A peça foi montada pela primeira vez em 1987, com Nicette Bruno e Paulo Goulart e direção de Francisco Medeiros.
A montagem de Clara Carvalho (vencedora dos prêmios APCA, Aplauso Brasil e Shell) prioriza o teatro essencial, onde o jogo cênico não ilusionista se alicerça na relação entre o texto e os atores. “O diálogo de Consuelo é denso, mas ágil, teatral, construído por recortes. Pesquisamos os contrastes entre uma cena e outra justapondo registros de estilos, como pequenos mosaicos”, explica a diretora.
Clara teve contato com o texto por meio de um ciclo de leituras promovido pelo Sesc Ipiranga em 2019, quando foi convidada para dirigi-lo. A partir de então, ela e os atores Fernanda Couto e Kiko Vianello passaram a compartilhar o desejo de encená-la. “O que mais me interessou na peça foi a originalidade na construção da dramaturgia, que é toda fragmentada. Os personagens Ela e Oz funcionam como uma dupla e enxergar cada uma das facetas desta dupla é visitar uma sucessão de casais que reconhecemos em seus enquadramentos, insatisfações e becos sem saída. Uma construção meio onírica de um sonho ancorado na realidade, como um fluxo do inconsciente.”
Fernanda Couto completa que a peça fala muito do contexto da mulher. “O texto é de 1987, mas ainda nos diz muito, do quanto a gente já caminhou nesse percurso da história, mas o quanto ainda temos que avançar nessa questão da condição feminina”.
A atriz, que é casada há 27 anos com Kiko Vianello, revela que essa é a primeira vez em que contracenam no palco sozinhos. “Em tempos de consumo, até na questão afetiva, falar de amor é cada vez mais necessário. Reabrir o nosso olhar para possibilidades positivas das relações, parcerias e afetos. Como a peça trata de diferentes papeis, não estamos só falando da relação de amor, mas de todas as relações que temos ao longo da vida, de autoestima, de acreditar na construção. Acho que chegamos num momento de maturidade artística e pessoal para enfrentar muitos temas delicados que acompanham as nossas vidas e todos os casais.”
Ambientação
Um espaço cênico minimalista, apenas com elementos essenciais, comporá o universo onírico do jogo experimental de Ela e Oz. Além do cenário, os figurinos e adereços também são assinados por Marichilene Artisevskis.
A ambientação e as passagens de tempo são desenhadas pela iluminação de Fran Barros, trilha sonora e pelo próprio jogo dos atores, alinhados com a dinâmica vertiginosa apresentada pelo texto. A trilha sonora, composta especialmente para a montagem por Ricardo Severo, tem como ponto de partida a melodia do clássico Somewhere Over the Rainbow, de O Mágico de Oz sugerido pelo texto.
Vozes femininas
Consuelo de Castro ocupa um lugar de destaque na nova dramaturgia brasileira, que surgiu a partir do final dos anos 1960, e que revelou uma geração de novas dramaturgas, que desenvolveram uma produção consistente e resistente. Acompanhando as mudanças sociais no Brasil e no mundo, Consuelo desenvolveu uma vasta e múltipla produção teatral em suas diferentes fases, dando protagonismo à visão feminina em suas peças. Com uma produção contundente, com mais de 20 textos, contribuiu para o resgate da memória e da identidade nacional. “A visão que ela nos traz da condição feminina nos faz pensar o quanto ela ainda é atual, e vai ser sempre, pela qualidade da sua obra”, diz Fernanda.
“Encontramos nas peças de Consuelo as discussões políticas, as contradições sociais, os dilemas da realização profissional feminina, os casamentos e descasamentos, a infidelidade, a liberdade sexual, enfim, questões que continuam a nos assombrar e mobilizar”, conclui Clara.
Sobre Consuelo de Castro
Estudou Ciências Sociais na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, onde participou ativamente do movimento estudantil dos anos 1960, tema do seu texto de estreia, Prova de Fogo (1968), que foi proibido pela Censura. Seu segundo texto (o primeiro a ser encenado) foi À Flor da Pele (1969), que teve diversas montagens no Brasil e recebeu o Prêmio da Associação Paulista de Críticos Teatrais (APCT).
Nos anos 1970, escreveu Caminho de Volta, montada por Fernando Peixoto em 1974, e ganhadora dos prêmios Molière e APCT. Seguem-se A Cidade Impossível de Pedro Santana, escrita em 1975 e vencedora do Concurso de Dramaturgia do Serviço Nacional de Teatro, e O Grande Amor de Nossas Vidas, montada por Gianni Ratto, em São Paulo (1979) e no Rio de Janeiro (1980). Na década de 1980, escreveu Louco Circo do Desejo, Script-Tease (1985); M
Sobre Clara Carvalho
A atriz e diretora formou-se em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ). Atriz do grupo TAPA de teatro desde 1986. Dirigiu os espetáculos Ricardo III ou Cenas da Vida de Meierhold (2019, CCSP); Condomínio Visniec (2019, SESC Ipiranga), indicado ao prêmio APCA de melhor direção e indicado ao Prêmio Aplauso Brasil de melhor direção, melhor espetáculo e melhor elenco e melhor produção independente; A Reação, de Lucy Prebble (2015, teatro Vivo); A Máquina Tchekhov, de Matéi Viscniec, em 2015 (indicada ao Prêmio APCA 2015 de melhor Direção e Melhor Espetáculo e Prêmio Aplauso Brasil 2015 de Melhor Espetáculo e Melhor Elenco); Órfãos, de Dennis Kelly, em 2011 (montagem vencedora do Festival de Teatro da Cultura Inglesa de São Paulo) e Valsa Nº 6, de Nelson Rodrigues, em 2009.
Ficha técnica:
Texto: Consuelo de Castro. Direção Geral: Clara Carvalho. Assistência de Direção: Suzana Muniz. Elenco: Fernanda Couto e Kiko Vianello. Cenário: Amanda Vieira e Marichilene Artisevskis. Figurino: Marichilene Artisevskis. Visagismo: Equipe Studio W Higienopolis - Make up: Suely Rodrigues. Cabelo: Claudia Santo. Manicure: Mary Santos. Trilha Sonora: Ricardo Severo. Desenho de Luz: Fran Barros. Direção de Produção: Henrique Benjamin. Produção Executiva: Fábio Hilst. Assistente de Produção: Kiko Rieser. Mídias Digitais: Ton Prado e Cubo Entretenimento. Administrativo
Serviço:
AVISO PRÉVIO – Estreia 5 de março, sexta-feira, às 20h.
Temporada presencial: de 5 a 28 de março. Sextas e Sábados às 20h. Domingo às 19h.
Ingressos: Grátis - retirada com 1 hora de antecedência.
Capacidade: 36 lugares - Protocolo Covid 19.
Apresentações on-line: Dias 16, 17, 18, 23, 24 e 25 de março. Terça a quinta-feira às 20h.
Ingresso: R$20 em www.sympla.com.br
VIGA ESPAÇO CÊNICO – (Teatro Viga) – Rua Capote Valente. 1323 – Pinheiros.
Telefone: (11) 3801.1843.
Lotação: 36 lugares (Capacidade da plateia reduzida, conforme estabelecido pelo protocolo do Governo do Estado e da Prefeitura da capital).
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