Medea (Nov2021)
Texto de Mike Bartlett, uma versão inglesa e contemporânea para o clássico de Eurípedes. A peça faz reflexões acerca da condição da mulher nos dias de hoje
Créditos: Murilo Alvesso
“Dar corpo e voz a essa Medea é uma catarse. Um expurgo pelo constante desacato a que estamos sujeitas, pelo fato de se ser mulher.”
Fani Feldman
Formada por Fani Feldman, Rui Ricardo Diaz, Plínio Meirelles, Osvaldo Gazotti e Antonio Januzelli a Cia. do Sopro, que tem em sua trajetória os espetáculos A Hora e Vez e Como Todos os Atos Humanos, convida Zé Henrique de Paula e um time de artistas, para levar à cena MEDEA do dramaturgo inglês Mike Bartlett (mesmo autor de “Love, Love, Love”, “Contractions” e “Bull”). O referido autor é um dos mais ousados dramaturgos da geração emergente da Europa, e a versão desse clássico grego, suscita reflexões acerca da condição da mulher nos dias de hoje.
Com tradução de Diego Teza, a peça tem no elenco Fani Feldman (Medea), Daniel Infantini (Jasão), Juliana Sanches (Pam), Maristela Chelala (Sarah), Plínio Meirelles (Andrew) e Bruno Feldman (Nick Carter). MEDEA estreia presencialmente no Teatro do SESC Pompeia dia 26 de novembro, às 21h, faz 3 únicas apresentações e segue para temporada online de 29 de novembro a 7 de dezembro.
Ao adaptar este clássico grego, Mike Bartlett transporta o território e a realidade originais da Grécia antiga a um terreno suburbano localizado em um conjunto habitacional, análogo aos bairros que bordejam as áreas centrais de cidades grandes ao redor do mundo. E o faz não por mera similaridade, nem tampouco para assegurar a fruição do espectador com artifícios referenciais deste tempo, mas para tratar de matérias próprias da contemporaneidade, sem que, por conta disso, perca de vista o alicerce mitológico que respalda sua obra.
Bartlett reloca o mito ao presente e se desvia do tecido dramático original, revelando, desse modo, particularidades imprevistas, rumores inéditos e problemáticas exclusivas do modus operandi deste nosso tempo. Revisita a fábula, os arquétipos e suas potências e os recondiciona num jogo disposto em um tabuleiro não mais coletivizado, como é próprio da Grécia antiga. As condições agora estão circunscritas pela lógica particular, individualista e degradante, capaz de tornar ainda mais complexo o emaranhado de vetores que fabricam a tragédia de Medea.
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